Diário de uma tese escrita em 30 dias #9

E pronto, terminei a contextualização, também a parte da introdução, dos objectivos e da justificação do modelo de análise. Amanhã vou especificar a amostra, definir líderes de opinião, inserir quatro pequenas biografias sobre os mesmos, e partir para a análise, a parte mais difícil.

Estou contente com o meu progresso até agora (afinal de contas, só passaram 9 dias e eu já fiz imenso) mas sinto-me desconcertada sem o feedback da minha orientadora. Nada me garante que não estou a caminhar no sentido completamente errado, nada me garante que o que estou a fazer está certo. Não era a primeira vez que acontecia - achar que as coisas estão a correr muito bem e depois ser surpreendida com a fria realidade de que não estavam, nem bem perto disso.

Estou desorientada e, o pior de tudo é que, a culpa é somente minha.  

Mas vou prosseguir. Parar não é a resposta. 

Outra coisa é certa: nunca mais me apanham na biblioteca aqui da terra. Eu nunca vi disto!! Apanhei três marmelos ao meu lado que estavam ali como se estivessem no café e nem todo o bufar do mundo parecia fazê-los orientarem-se e estarem calados durante 1 segundo. É uma biblioteca, afinal de contas, acho que é suposto haver silêncio! E eu preciso de silêncio para escrever. Se não precisasse não ia para a biblioteca!! Ainda assim sempre tenho a minha casa que, quando os meus pais não estão, parece uma igreja (mas sem os sinos). Fui para a biblioteca para fazer uso dos livros disponíveis por lá, mas depressa percebi que mais vale mesmo ficar em casa, porque nem sequer uma biografia do Francisco Sá Carneiro foi possível encontrar naquelas estantes. E eu procurei, procurei, procurei. Em vão. Mas encontrei a do Tony...à qual só me apetecia tacar fogo!!


No meio disto tudo, deve ter sido a primeira vez na minha vida que não cumprimentei nem sorri a um trabalhador. Aquelas funcionárias não merecem um "bom", quanto mais um "dia". E, com certeza não merecem ver sequer um dente meu. Tenho muito respeito por quem trabalha, seja em que for, desde a recepcionista, ao médico, à caixa do supermercado. Cumprimento e ainda desejo bom trabalho. No café peço por favor e digo obrigada e levo quase sempre a loiça que usei até ao balcão. Raios, eu até viro a roupa do lado certo e ponho-a em cabides quando saio dos provadores. Mas é para quem merece!! É para quem trabalha!

Não é para dondocas que abrem a biblioteca fora de horas e ainda ficam ofendidas quando uma gaja entra por lá adentro com cara de poucos amigos. Ladys que não levantam o traseiro de uma cadeira na recepção a não ser para coscuvilhar com as 'migas' dos outros andares, deixando as salas O DIA TODO sem supervisão e com utentes que desrespeitam por completo as regras de civismo e o trabalho dos outros. Aliás, elas também não respeitam nada nem ninguém, uma vez que as próprias se envolvem em conversas acesas que ecoam por aquele edifício moribundo como se fossem todas velhas moucas.

Santa paciência! São estas senhoras que dão mau nome aos funcionários públicos. Só estão ali a fazer monte. Quando eu for presidente da câmara vai andar tudo a piar fininho!!!

Ahah! Just kidding, tenho um passado muito negro que ia ser usado contra mim pelos meus opositores e há segredos que não quero ver desvendados na praça pública. No fundo, sou uma gaja cheia de mistérios. 

Agora vá, tudo prá cama. Vemo-nos amanhã!!

Catarina Vilas Boas 

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