Tu que me lês

Escrevo hoje no ímpeto feroz de responder ao interesse público. Escrevo para ti. Para te dizer que a vida é curta. É curta. Ponto final...

É curta para quem vive e para quem não vive. É curta para quem realiza todos os seus sonhos e para aqueles que acumulam fracasso atrás de fracasso no envelhecer dos tempos. É curta para quem é feliz e para quem é triste que é, no fundo, a mesma pessoa, porque não há ninguém tão abençoado que seja feliz a vida toda nem ninguém tão azarado que seja sempre triste. 

A vida é curta e nós não vivemos a única certeza de que ela finda. Esquecemo-nos. Perdemos os momentos. Perdemos as pessoas. Perdemos tempo. Eu escrevo hoje não só para te dizer que a vida é curta mas também para te mostrar, a ti que me lês, no hoje abstrato da internet, que pode ser realmente hoje ou daqui a 10 anos: este texto é o sinal de que estavas à espera. Tu que estás desorientado às escondidas de uma luz, Tu que transpiras num dilema e te afundas na dúvida. Tu que estás com medo. Encontraste estas palavras por uma razão. Toma o passo decisivo que te vai desencalhar os dias. Direcciona a tua vida para onde queres que ela vá. Guia-a. A responsabilidade, assim como a vida, é tua! Talvez assim, quando ela acabar, tenhas a sorte de não sentir na pele e na alma o odor acre dos milhões de caminhos que quiseste percorrer e não percorreste. Dá um passo de cada vez. Hoje um, amanhã outro. A caminhada é melhor e mais prazerosa que o destino em si. Esse é só um e é igual para todos.

A vida é curta. Acaba sem dares por isso. Por isso vive... Faz hoje o que nunca fizeste. Perdoa o "imperdoável". Desfaz o não dito que até hoje não te atreveste a dizer. Faz as malas e viaja para o sítio que sempre quiseste conhecer. Abraça os teus amigos. Despede-te desse emprego de merda. Declara-te ao amor impossível. Separa-te desse amor impossível. Sai do armário. Começa a dieta. Tem um filho. Planta uma árvore. Escreve um livro. Diz aos teus pais que os amas. 

Nós somos as experiências e as pessoas inesquecíveis que vivem connosco e dentro de nós. Elas, assim como nós, não vão estar aqui para sempre. Dizem que, quando morres, toda a tua vida passa em flashs, por segundos, em frente aos teus olhos. Faz com que esse seja um filme que tu gostes de ver.


Catarina Vilas Boas

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