Sô Dona Penca

Como se não me chegasse a cova que tenho no queixo e que faz com que este pareça um cu, agora apercebi-me que o meu nariz se assemelha estranhamente a uma marreta. Faz sentido que só veja isso agora, porque o nariz e as orelhas são feitos de cartilagem que é única coisa do corpo humano (à excepção do cabelo e das unhas) que está sempre a crescer. Safei-me nas orelhas, f*di-me no nariz. Tendo em conta a minha herança genética, era pedir demais que me safasse nas duas coisas.

De todas as fotos que vi da minha pessoa nos últimos tempos tenho a concluir que a minha cara não tem um nariz. Não! É mais ao contrário. O meu nariz é que tem uma cara. Rei e senhor de um terreno onde um pequenino espaço está destinado aos olhos e à boca. Como se não bastasse, quando sorrio, a minha cara encolhe-se toda como se tivesse sido prensada numa daquelas máquinas que transforma carros em cubos e fica tudo muito junto, em volta do nariz. Parece que tá tudo ali numa reunião de condomínio, em que a Sô Dona Penca é a senhoria.

Para mal dos meus pecados também tenho uma testa descomunal que, a respeitar a analogia estabelecida até agora, deve ser o heliporto do prédio! Não faz muito sentido, visto o meu tamanho não dar para mais de 4 andares... os inquilinos têm a mania das grandezas, é o que é!

Pronto, não vale a pena bater mais no ceguinho! Deus não dá com as duas mãos. A mim deu-me tudo de psyche e nada de fisique. Antes assim que o contrário.


Catarina Vilas Boas

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