Hoje e para sempre offline

Não falo com pessoas no chat do facebook. Falo com os meus amigos, aqueles a sério, a quem chamo cabrão e pega, e com os quais quero combinar alguma coisa e eles no face, comidinhos, ao invés de atenderem o telemóvel. Nunca estou on-line. Coloco-me por segundos, só o suficiente para ver se um dos comidinhos que eu quero contactar está por lá e logo volto ao meu estado desligado. 

Sou uma pessoa extremamente sociável. Sou mesmo! Falo muito e alto de mais. Mas é cara à cara, olhos nos olhos, para não ser mal compreendida ou compreender mal os outros. Voltei recentemente ao facebook e esta lição já eu a trazia dos tempos idos em que lhe dedicava horas da minha vida: do chat do facebook nunca vem nada de bom

Se forem gajas querem-te pedir alguma coisa - ou likes nas páginas de bijuterias das primas, ou likes numa foto para ganharem um concurso, ou tijolos no farmville - ou então querem comer o teu amigo e precisam do teu apoio clandestino. Fora aquelas que bebem um shot contigo na noite e acham que a partir daí vão ser grandes amigas (como se eu andasse bêbeda todos os dias!). 

Se forem gajos querem-te comer. Ou estão a pensar se te hão-de comer. Ou querem comer a tua amiga. Ou estão carentes porque não arranjam ninguém que os coma (e estão a ver se tu queres). Ou querem passar o tempo enquanto a gaja que querem comer não se põe on-line. Ou então querem que jogues Candy Crush (embora não se importassem de te comer). Fora aqueles muito estranhos que nem sequer são teus amigos na rede social (logo não têm acesso a nada do que publicas), não são da tua região, não têm amigos em comum e, mesmo assim, enviam-te uma mensagem a falar da curvatura da tua boca e dos ângulos e relevos do teu rosto que seriam desconcertantes até para Rodin ou Canova - tudo isto com base na miniatura da tua foto de perfil em que só se vê metade da tua cara, ao longe e com efeitos. Ou seja...

NADA-DE-BOM.

Catarina Vilas Boas

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