Coisas velhas

Só se esquece realmente uma pessoa com quem se esteve envolvida no momento em que surge interesse por outra. 

Não é quando se começa a falar com outra, ou quando se beija ou dorme com outra, porque falar, beijar e foder podem ser auto-engano. Pode-se falar, beijar e foder só porque sim, por ressabiamento, mesquinhez ou porque se carece da atenção e do chamego numa altura em que a fragilidade roça a indecência. 

É quando se interessa por outra. É quando, em primeira instância, se sente atraída fisicamente por outra e, numa segunda, acha piada, quer conversar, quer ver, quer estar perto, quer alguma forma de contacto, quer descobrir o que é que está ali de diferente, por desvendar, que a atraiu em primeiro lugar. 

E até pode não ser nada. Pode não dar em nada. Pode passar daí a dois dias ou até menos. Não interessa. Porque estar com outra pessoa não é uma necessidade para seguir em frente. Simplesmente querer, mesmo que esse desejo dure segundos apenas, é um sinal de que já se seguiu.

Catarina Vilas Boas

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